quarta-feira, 13 de março de 2019

HÁ SINDICATOS EM PORTUGAL QUE NEM AOS 100 ASSOCIADOS CHEGAM



Serão sindicatos "à la carte"! Com que objectivos!
Há sindicatos na PSP que nem aos 100 associados chegam

Agentes não se podem queixar de falta de representação: para 22 500 polícias há 12 sindicatos. Alguns com poucos associados e sede em casa do presidente

Portugal tem mais de 100 mil professores, habitualmente representados nas negociações com a tutela por 14 sindicatos. Os agentes da PSP são bem menos, cerca de 22500, mas têm quase o mesmo número de associações sindicais: são 12, ao todo. A penúltima a chegar foi a ASAPOL. A Associação Sindical Autónoma da Polícia, criada em Junho de 2012, tem sede em São Domingos de Rana, na casa do presidente. Delmino Farinha recusa-se a revelar o número de associados porque, justifica, os outros sindicatos "não divulgam os números correctos". Ainda assim, garante que apesar de a estrutura ser recente "nem é das que tem menos".

Na PSP há sindicatos para todos os gostos e classes. E, segundos os dados do final de 2010 a que o i teve acesso, alguns não chegam, sequer, aos 100 associados. Como o SICC - Sindicato Independente da Carreira de Chefes, que há três anos contava apenas 65 sócios. Ou o SPNP - Sindicato do Pessoal com Funções não Policiais da PSP, que tinha 45. Outras três estruturas não chegavam aos 200. O SOP - Sindicato dos Oficiais de Polícia contava com 190, enquanto que o SNOP - Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia contabilizava 144 e o SNCC - Sindicato Nacional da Carreira de Chefes apenas 135. Mais representativos eram o SIAP - Sindicato Independente dos Agentes de Polícia com 444 associados e o SINAPOL - Sindicato Nacional da Polícia com 667.

Dos 10 sindicatos que existiam na PSP em 2010, só três tinham mais de mil sócios. O SUP - Sindicato Unificado da Polícia contava 1090, o SPP - Sindicato dos Profissionais de Polícia reunia 2129 e a ASPP - Associação Sindical dos Profissionais de Polícia congregava 9675.

O SUP confirma os 1090 associados de 2010, mas garante que entretanto o número já aumentou. "Neste momento, temos cerca de 2300 sócios pagantes", quantifica o presidente, Peixoto Rodrigues. Já o responsável pelo SINAPOL, Armando Ferreira, assegura que o sindicato tinha, à época, "muito mais" associados. "E neste momento já vamos em cerca de quatro mil polícias, números que são fidedignos", garante. O sindicalista chama a atenção para o facto de "muitos agentes da PSP serem sócios de vários sindicatos" ao mesmo tempo."Nunca se pode fazer contas aritméticas sobre o número de associados", remata. Já Helder Andrade, presidente do SOP, confirma os números de 2010, mas explica que o sindicato cresceu: "O número do último cartão de sócio que emitimos há 15 dias já era superior a 500", conta.

Já Manuel Gouveia, do SNCC, garante que nunca teve só 135 associados. "É muito difícil contabilizar, porque há sócios que pagam directamente ao sindicato, outros que descontam pela polícia e outros que pagam pelo banco", explica o dirigente. O SNCC só representa a carreira de chefes - que, na PSP, são 2500. Mas Manuel Gouveia garante que o sindicato representa quase todos. "Temos cerca de 2200 chefes associados", diz. A ser assim, só sobrariam 300 elementos para o SICC, o outro sindicato que representa a mesma classe. E Mário Pires, o presidente, confirma que a estrutura só tem 65 associados. "Somos poucos porque o sindicato foi criado para congregar apenas os polícias que tiraram o curso de subchefe ajudante", justifica.

Já a ASPP é o sindicato mais representativo da PSP. O presidente explica que, em 2010, o número de associados era superior a 9675. "A juntar a esses existiam outros 800, que faziam os descontos através da Caixa Geral de Depósitos", explica Paulo Rodrigues. Actualmente, a ASPP conta com quase 10900 sócios. "Há cada vez mais polícias a sindicalizar-se e notámos um aumento expressivo a seguir à primeira grande manifestação que organizámos, no ano passado", diz o dirigente. António Ramos, presidente do SPP, concorda que há mais associados. E se em 2010 tinha 2129 sócios, hoje são cerca de 3400. "Em Braga, por exemplo, só havia oito associados e agora são quase 200", exemplifica.

DIREITOS E DEVERES 

A actividade sindical da PSP é regulada por dois diplomas: a lei geral, comum a todos os trabalhadores, e uma específica só para a polícia. De acordo com a legislação, os dirigentes têm direitos e deveres. A regalia mais cobiçada é a dispensa de serviço durante quatro dias por mês para o exercício de actividades sindicais. Isto no caso de dirigentes, porque os delegados sindicais têm direito a apenas quatro horas. Porém, os sindicalistas também têm deveres. Não podem, por exemplo, desempenhar funções de topo na polícia ou ter militância partidária. Também não podem unir-se a estruturas ou centrais sindicais que não sejam exclusivamente compostas por polícias. Ao que o i apurou junto dos vários sindicatos, o valor das quotas cobradas aos agentes da PSP varia de estrutura para estrutura, entre um mínimo de quatro euros e um máximo de nove. O i não conseguiu contactar, até à hora de fecho desta edição, os dirigentes do SNOP, do SIAP e do SPNP.


Fonte: ionline

Há sindicatos com mais dirigentes que associados

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