Serão sindicatos "à la carte"! Com que objectivos!
Há sindicatos na PSP que nem aos 100 associados chegam
Agentes não se podem queixar de falta de representação: para 22 500 polícias há 12 sindicatos. Alguns com poucos associados e sede em casa do presidentePortugal tem mais de 100 mil professores, habitualmente representados nas negociações com a tutela por 14 sindicatos. Os agentes da PSP são bem menos, cerca de 22500, mas têm quase o mesmo número de associações sindicais: são 12, ao todo. A penúltima a chegar foi a ASAPOL. A Associação Sindical Autónoma da Polícia, criada em Junho de 2012, tem sede em São Domingos de Rana, na casa do presidente. Delmino Farinha recusa-se a revelar o número de associados porque, justifica, os outros sindicatos "não divulgam os números correctos". Ainda assim, garante que apesar de a estrutura ser recente "nem é das que tem menos".
Na PSP há sindicatos para todos os gostos e classes. E, segundos os dados do final de 2010 a que o i teve acesso, alguns não chegam, sequer, aos 100 associados. Como o SICC - Sindicato Independente da Carreira de Chefes, que há três anos contava apenas 65 sócios. Ou o SPNP - Sindicato do Pessoal com Funções não Policiais da PSP, que tinha 45. Outras três estruturas não chegavam aos 200. O SOP - Sindicato dos Oficiais de Polícia contava com 190, enquanto que o SNOP - Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia contabilizava 144 e o SNCC - Sindicato Nacional da Carreira de Chefes apenas 135. Mais representativos eram o SIAP - Sindicato Independente dos Agentes de Polícia com 444 associados e o SINAPOL - Sindicato Nacional da Polícia com 667.
Dos 10 sindicatos que existiam na PSP em 2010, só três tinham mais de mil sócios. O SUP - Sindicato Unificado da Polícia contava 1090, o SPP - Sindicato dos Profissionais de Polícia reunia 2129 e a ASPP - Associação Sindical dos Profissionais de Polícia congregava 9675.
O SUP confirma os 1090 associados de 2010, mas garante que entretanto o número já aumentou. "Neste momento, temos cerca de 2300 sócios pagantes", quantifica o presidente, Peixoto Rodrigues. Já o responsável pelo SINAPOL, Armando Ferreira, assegura que o sindicato tinha, à época, "muito mais" associados. "E neste momento já vamos em cerca de quatro mil polícias, números que são fidedignos", garante. O sindicalista chama a atenção para o facto de "muitos agentes da PSP serem sócios de vários sindicatos" ao mesmo tempo."Nunca se pode fazer contas aritméticas sobre o número de associados", remata. Já Helder Andrade, presidente do SOP, confirma os números de 2010, mas explica que o sindicato cresceu: "O número do último cartão de sócio que emitimos há 15 dias já era superior a 500", conta.
Já Manuel Gouveia, do SNCC, garante que nunca teve só 135 associados. "É muito difícil contabilizar, porque há sócios que pagam directamente ao sindicato, outros que descontam pela polícia e outros que pagam pelo banco", explica o dirigente. O SNCC só representa a carreira de chefes - que, na PSP, são 2500. Mas Manuel Gouveia garante que o sindicato representa quase todos. "Temos cerca de 2200 chefes associados", diz. A ser assim, só sobrariam 300 elementos para o SICC, o outro sindicato que representa a mesma classe. E Mário Pires, o presidente, confirma que a estrutura só tem 65 associados. "Somos poucos porque o sindicato foi criado para congregar apenas os polícias que tiraram o curso de subchefe ajudante", justifica.
Já a ASPP é o sindicato mais representativo da PSP. O presidente explica que, em 2010, o número de associados era superior a 9675. "A juntar a esses existiam outros 800, que faziam os descontos através da Caixa Geral de Depósitos", explica Paulo Rodrigues. Actualmente, a ASPP conta com quase 10900 sócios. "Há cada vez mais polícias a sindicalizar-se e notámos um aumento expressivo a seguir à primeira grande manifestação que organizámos, no ano passado", diz o dirigente. António Ramos, presidente do SPP, concorda que há mais associados. E se em 2010 tinha 2129 sócios, hoje são cerca de 3400. "Em Braga, por exemplo, só havia oito associados e agora são quase 200", exemplifica.
DIREITOS E DEVERES
A actividade sindical da PSP é regulada por dois diplomas: a lei geral, comum a todos os trabalhadores, e uma específica só para a polícia. De acordo com a legislação, os dirigentes têm direitos e deveres. A regalia mais cobiçada é a dispensa de serviço durante quatro dias por mês para o exercício de actividades sindicais. Isto no caso de dirigentes, porque os delegados sindicais têm direito a apenas quatro horas. Porém, os sindicalistas também têm deveres. Não podem, por exemplo, desempenhar funções de topo na polícia ou ter militância partidária. Também não podem unir-se a estruturas ou centrais sindicais que não sejam exclusivamente compostas por polícias. Ao que o i apurou junto dos vários sindicatos, o valor das quotas cobradas aos agentes da PSP varia de estrutura para estrutura, entre um mínimo de quatro euros e um máximo de nove. O i não conseguiu contactar, até à hora de fecho desta edição, os dirigentes do SNOP, do SIAP e do SPNP.
Fonte: ionline
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